Constatei meu erro de ficar recriminando quiosques, carrinhos, vendedores de queijo coalho, barracas de todo tipo, ambulantes vendendo toda sorte de quinquilharias, inclusive roupas e biquínis.
O futebol também tem vez nessa história.
A praia é do povão e quem atravessa o túnel tem mais direito do que qualquer proprietário bobo, que se acha o tal porque tem um apartamento de frente para o mar.
Senti a felicidade do povão estampada, fluindo fácil por entre a falha dos dentes e os dentes podres.
Mulheres acima do peso, deixando a gordura escapar entre as duas peças de biquínis desbotados, olhavam displicentemente para seus rebentos sujos de areia até os olhos. A conversa com as amigas era o Funk e as escolas de samba...
Os moleques maiores chutavam a bola uns nos outros e nos vizinhos de barraca, e só havia ameaça de barraco, se a bola derrubasse algum prato de porquinho,lingüiça frita ou batata encharcada em óleo diesel.
Não há porque ficar brigando por uma praia limpa. Nesses dias e horas os bacanas metidos a ricos estão trabalhando, ou enfiados em algum motel chique com as secretárias. Suas esposas estão nos salões de beleza fazendo limpeza de pele,massagem e depilação de cabo a rabo. Literalmente.
Filho de rico a essa hora está na academia, no clube ou no shopping. Um ou outro chegado ao futebol está nas escolinhas chiques e caras.
Nem o lixo espalhado no calçadão me incomodou como antigamente. Dezenas de catadores de latinhas retiravam cuidadosamente o lixo dos sacos e suas crianças entre brincar e trabalhar iam amassando-as com uma pedra ou com o próprio pé, juntando para vender no ferro velho. Os sanduíches pela metade serviam de refeição imediata servida na hora...
Lembrei-me no ato dos que defendem a praia para o povo e não vi melhor maneira de matar a fome dos desgraçados.
É isso. A culpa é minha de querer nivelar a coisa por cima, de achar que é dever do Estado dar escola, emprego e saúde para o pobre,
Pobre é gente. E como a gente, sabe o que é bom.
Muito melhor pegar uma praia do que um batente.
Um pouco preocupante foi ver alguns pais de família já meio embriagados, urinando a céu aberto e vociferando ameaças a todo mundo... mas isso não acontece só na praia.
A culpa é minha! Deixa a praia para o povão!!!
Um comentário:
Valéria Cruz disse...
Tenho certeza que muitos dirão que vc está sendo preconceituoso,no entanto não é. Infelizmente essa é nossa realidade, uma realidade cada vez mais suja, em todos os sentidos. Essa história de bolsa isso e bolsa aquilo tornou nosso povo ainda mais ocioso e a educação está cada vez mais distante. A culpa é nossa SIM, que elegemos governantes que ganham cada vez mais votos comprando ignorância, é mais fácil governar assim, esses eleitores beneficiados por bolsas e bolsas são gratos pela "boa vida" que estão levando e com certeza não cobrarão nada...e assim somos todos iguais!! Eu gostaria que essa igualdade fosse justa, onde todos tivéssemos direito a educação, escola e saúde, mas não só nas palavras e promessas em campanhas e sim na VIDA REAL!!!
Valéria Cruz
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