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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vaudeville – Memórias de Ricardo Amaral

Vaudeville – memórias de Ricaro Amaral (Editora Leya, 512 páginas) é a biografia deste empresário paulista que adotou o Rio de Janeiro e reinou na noite brasileira e também em outras cidades importantes, como Paris e NewYork.
Proprietário de casas noturnas de grande sucesso como Papagaio, Hippopotamus, Resumo da Ópera, Metropolitan, Clube A (em New York) e Le78 (em Paris), Ricardo Amaral conviveu com famosos e poderosos, membrosda alta sociedade e do jet set internacional.
O que esperar da biografia de um dos mais bem-sucedidos empresários do ramo de entretenimento do país? Um verdadeiro vaudeville, que o autor define como “espetáculo que tem um pouco de tudo, um grande entra e sai de personagens e situações, permitindo até uma dose circense”. 
Mas, ao invés de mágicos, bailarinos e acrobatas, o leitor assiste ao desfile de artistas, políticos, modelos, jornalistas, empresários, bicheiros, divas e mafiosos. 
A maioria deles frequentadores dos variados empreendimentos e eventos de Amaral – boates, restaurantes, bares, bailes, camarotes, discotecas, hotéis , todos marcados pelo luxo e bom gosto.Embora totalmente identificado com o “espírito carioca”, Amaral nasceu e cresceu em São Paulo. 
Famoso pelas realizações na noite e no show bussiness, iniciou carreira no jornalismo ainda jovem, com menos de 18 anos. 
Apaixonado pelo colunismo, teve participação marcante nos primórdios da televisão. 
Circulou desde cedo na rodas mais exclusivas e refinadas, embora sua família seja classe média. 
Assim, “Ricardo Amaral apresenta: vaudeville – memórias”, um livro cheio de surpresas para aqueles que conhecem apenas a faceta mais conhecida do autor.Ainda em São Paulo, o pioneiro Ricardo criou o colunismo social voltado para os jovens como ele, tendo como base e fontes suas amizades, que incluíam os filhos de tradicionais famílias paulistanas. Já exercitando as habilidades de promotor de eventos, organizou bailes de debutantes como o de Marta Smith de Vasconcelos – que seria depois conhecida em todo o Brasil pelo sobrenome do primeiro marido, o senador Eduardo Suplicy, com quem dançou naquela noite.
Ricardo Amaral fala com igual desenvoltura sobre sucessos e fracassos. Mantém a elegância ao citar casos mais ou menos comprometedores, mas não sustenta falsos pudores quanto suas próprias ações. 
Admite francamente, por exemplo, que sempre influiu no resultado dos concursos de beleza que participou como jurado. Alega em sua defesa que promovia “marmeladas” para assegurar a justiça e garantir que vencesse a mais bonita. 
Numa dessas ocasiões rendeu-se aos apelos da amiga Hildegard Angel, que o convenceu que a vencedora do Baile das Panteras de 1981 deveria ser Maria da Graça Meneghel, que depois se tornaria a Xuxa.
São muitas as histórias curiosas, divertidas e interessantes narradas por Amaral – e não poderia ser diferente tendo como personagens artistas como Brigitte Bardot, João Gilberto e Vinícius de Moraes; jornalistas como Paulo Francis, Samuel Wainer e Paulo de Tarso; personalidades como Danuza Leão e Roberto Marinho, para citar apenas alguns poucos.

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Ricardo Amaral


Uma conversa franca com o empresário mais bem-sucedido da noite brasileira sobre seu recém-lançado livro de memórias, drogas, brigas, Carnaval, Ferran Adrià, Xuxa, Pelé, Roberto Carlos, Mick Jagger, Ronaldo, Prince e a noite em que Tony Bennett fez um show (quase) particular no Copacabana Palace
Jardel Sebba
“Vamos subir que o meu escritório é um smoking office!”, diz Ricardo Amaral ao ver editor e fotógrafa da PLAYBOY fumando na porta do prédio de seu escritório, no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Ele está 20 minutos atrasado. Na noite anterior, foi padrinho de um casamento e arrastou o padre Omar, que celebrou a união, para ir beber com ele no Esch Café, no Leblon, depois da cerimônia. Chegou em casa às 4 da madrugada. “E o padre tinha missa às 7. Deve ter ido direto”, diz rindo. Em apenas 15 minutos aparecem todas as características que fizeram de Ricardo Amaral o empresário mais bem-sucedido da noite brasileira: o carisma, a simpatia e o gosto pela boa vida.
Tudo começou para ele em 1964. Por essa época, o paulistano Ricardo Batelli do Amaral, então com 23 anos, já tinha sido colunista social dos jornais Shopping News e Última Hora, havia promovido shows, trabalhado nas TVs Record e Excelsior e sido correspondente em Roma quando, ao voltar para o Rio, teve a chance de fazer sua primeira incursão como empresário da noite. Ele ganhou uma concorrência pública para ocupar um terreno à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas com um complexo que incluía um cinema drive-in, um boliche e uma lanchonete. O boliche não foi para a frente e deu lugar ao Teatro da Lagoa e à boate Sucata. Era a primeira casa noturna do homem que passaria para a história nas décadas seguintes como o rei da noite. Na Sucata, Elis Regina fez shows memoráveis. Caetano e Gil foram presos, em 1968, depois de se apresentar lá. Ali também foi forjada a frase que virou uma das marcas de Wilson Simonal: antes de entrar no palco, uma voz em off o introduzia “em homenagem à beleza, ao charme e à graça da mulher carioca”. O texto e a interpretação eram de Ricardo Amaral.
Em 1974, com a experiência adquirida na área e inspirado pelo que viu fora do Brasil, ele abriu o primeiro clube privê da noite brasileira: o Hippopotamus, em Ipanema. O clube teve filiais em São Paulo e em Salvador, e Amaral expandiu seus negócios com o Club A, de Nova York, e o Le 78, de Paris. Foi dono de outras casas de sucesso, como o Alô Alô, o Banana Café, o Sal e Pimenta, o Papagaio, o Gattopardo, o Mamão com Açúcar e o Metropolitan. Todo mundo que importa passou em algum momento por uma de suas casas – do príncipe Charles a Brooke Shields, de Prince a Pelé, de Ivo Pitanguy a Alain Delon, do presidente Geisel ao presidente Collor. Ricardo Amaral é testemunha privilegiada da his tória privada das pessoas públicas. Ele inventou os fogos no Réveillonde Copacabana, criou o concurso das Panteras (que revelou Xuxa) e o camarote da Brahma e fez da Feijoada do Amaral um dos eventos mais disputados no Carnaval carioca. Detalhe: ele nunca comeu feijão na vida.
Quando deu sua primeira entrevista à PLAYBOY, em junho de 1983, Amaral concluiu que, quando lançasse sua autobiografia, ela se chamaria Memórias de um Porra-Louca Comportado. O tal livro de memórias finalmente chega às livrarias neste mês, mas com outro nome: Ricardo Amaral Apresenta: Vaudeville (editora Leya). O relato pessoal documenta o espírito dos principais personagens da noite ao longo de quatro décadas. Mas Amaral não olha só para trás. Sua empresa de marketing, a Lakpar, será a responsável, entre outros projetos, pela volta dos bailes no próximo Carnaval carioca, com direito à reedição da Feijoada do Amaral no sábado. Para dissecar histórias que estão (ou não) no livro e falar de seus projetos futuros, Amaral teve duas longas e divertidas conversas com o editor Jardel Sebba durante o primeiro fim de semana de outubro, no Rio. No sábado, ele o recebeu na Lakpar, o famoso smoking office. No domingo de eleição, marcou a conversa no próprio Esch Café, restaurante que funciona como seu escritório informal. A conversa se deu na mesa dentro da sala climatizada em que são guardados os charutos. Ao longo de 4 horas de entrevista, Amaral foi abordado por 11 pessoas, entre conhecidos e desconhecidos (e conversou com todos com a mesma simpatia), almoçou um picadinho (sem banana), tomou uma cerveja Therezópolis, um Campari com soda limonada e fumou dois charutos cubanos Montecristo Edmundo.
Por que alguém com tantas histórias impublicáveis escreve um livro de memórias?
Na introdução do livro, já digo que essas são as histórias que eu posso contar. Tenho na memória histórias que realmente dariam para fazer alguns livros, mas esse livro é a minha trajetória, e a partir dela vou contando histórias que são registros interessantes.
Se existisse hoje um clube privado como o Hippopotamus, quem seriam os convidados obrigatórios?
Difícil responder a isso porque antigamente era mais fácil identificar quem eram os personagens. Quando você idealiza um lugar, pensa em um determinado público, e nem sempre, depois das portas abertas, o público é exatamente aquele. A noite é uma grande mistura, e a coisa mais divertida é reunir pessoas bem heterogêneas. Se você ficar num grupinho fechado, a noite perde a graça.
Você viveu o auge da noite desde o fim dos anos 1960. As coisas eram mais liberais antigamente em relação às drogas e à liberação sexual? A noite e o mundo “encaretaram”?
O componente droga na noite era curioso porque os seguranças combatiam mesmo. Então o pessoal da droga preferia se reunir em festinhas em vez de ir pra noite. Onde não havia repressão, você cheirava a vontade. Na noite havia uma famosa ideia que era: “Quem gosta de foder não cheira”. Os grandes pegadores não eram cheiradores. Não é que a droga não existisse dentro das casas, mas não era o tom. Exemplo: muitas pessoas foram suspensas do Hippopotamus por 90 dias e, se fossem pegas de novo, não voltavam mais.
Gente que foi pega cheirando?
Cheirando, repassando… Havia uma preocupação com o assunto. A Black Horse, uma boate no Rio que é anterior às minhas casas e que eu frequentei, foi fechada porque encontraram maconha lá dentro. Hoje a droga ficou mais difícil de ser controlada, a famosa “balinha” e tal, o ecstasy, são todos consumos anônimos. A cocaína você ainda tinha um vidrinho, uma movimentação, precisava ir ao banheiro. Tinha um decorador no Hippopotamus que dizia [imitando sotaque francês]: “O exaustor do banheiro tem de ser suficientemente forte para tirar o cheiro da maconha, mas não pode ser forte demais pra não levantar o pó da cocaína”.

No meio disso tudo, qual foi a sua relação com as drogas?
Eu experimentei todas as drogas.
Chegou a usar alguma coisa frequentemente?
Não. Experimentei todas, mas nunca fui consumidor nem comprador de nenhuma delas. Fui apresentado à cocaína com uns 20 anos, depois reapresentado com 40. À maconha, na juventude, mas acontece que eu não sei tragar. No começo dos anos 1990, experimentei o ecstasy, em Nova York, e foi a pior das drogas.
A pior?
É. Foi uma coisa horrorosa. Aquilo me bateu, e eu transpirava, rapaz… Me arrependi porque a sensação foi horrorosa, fiquei muito ansioso.
Nenhuma dessas coisas o deixou com uma sensação boa o bastante para você ter vontade de experimentar regularmente?
Dizer que não seria uma tremenda mentira, né? Cocaína é ótimo, nem sei se devo falar isso na entrevista… Porra, não quero ser um incentivador do consumo de drogas, mas cocaína te dá uma sensação ótima, você fica o rei do mundo. Mas tem um negócio terrível que é o dia seguinte. Estou falando de experiência pessoal. É uma ressaca horrorosa. E tem uma série de componentes aí. Como eu poderia combater a droga nas minhas casas se estivesse com ela no bolso, porra? A droga é uma grande inimiga da noite.
Por que o cara que usa drogas não bebe, fica agressivo, não sai mais?
Eu atribuo, por exemplo, as brigas que acontecem hoje em dia em boa parte ao ecstasy. Nos anos 1970, 1980, o grupo dos cheiradores não era bem-visto pelos boêmios tradicionais, pelos frequentadores. Eles eram considerados uma gente meio à parte. Como é que você podia ter noites elegantes numa casa que se caracterizasse como um lugar de “cheiração”? A droga nunca me seduziu.
Você falou em brigas. Já bateu e apanhou muitas vezes ao longo de sua carreira como empresário da noite?
Muitas. Na minha fase de colunista social, andei tomando algumas porradas. Mas sempre fui um grande apartador de brigas, me metia no meio. Uma vez enfrentei um lutador, esse menino que morreu da família Gracie [Ryan]. No meio do Carnaval do Rio, ele invadiu o Camarote da Brahma que eu organizava na avenida, e o segurança não conseguiu segurar. Eu tirei ele no grito.
Qual é o principal motivo de brigas na noite?
Ah, é sempre mulher. Até acontece de brigarem por outros motivos, mas não tem jeito, 99% das brigas na noite são por causa de mulher.

Já olharam para a sua mulher a ponto de fazer você partir para a briga?
Uma vez, em Paris, achei que um cara estava metendo uma conversa nela meio exagerada e dei uma porrada nele. Eu estava de porre. Depois vim saber que o cara era gay, e me deu uma ressaca [risos].
Foi a única vez?
Outra vez estávamos numa casa de música flamenca em Madri, nós dois, as mesinhas eram pequenininhas, meio próximas, e tinha um cara sozinho na outra mesa que perguntou pra Gisella: “Tem fogo?” E o sujeito começou a se engraçar. Levantei, dei uma porrada no cara, e a música continuou mais alta, tarátatata… Foi uma coisa cinematográfica, o flamenco tocando e as pessoas apartando, uma briga típica de chanchada da Vera Cruz.
Você se casou com sua mulher, Gisella Amaral, com 24 anos. Deu tempo de aproveitar um pouquinho antes?
Antes de casar a coisa era muito segmentada, tinha a menininha de família para namorar e a puta. Isso não quer dizer que alguns amigos não tenham casado com as putas e outros, com as meninas sérias nem que o casamento dos que casaram com as putas vá mal ou que o dos que casaram com as meninas sérias vá bem. Tem aí um jogo de baralho curioso. Mas até aquele período em que eu casei, 1965, a coisa era muito bem dividida. Era um momento totalmente diferente. A pílula foi um grande divisor de águas.
Em todas as histórias da noite que você conta, em algum momento as prostitutas aparecem. Vocês reconheciam de longe quem era e quem não era?
Ah, antigamente era mais fácil, né? [Risos.] Hoje está mais difícil. Mas vamos dar uma aliviada. Na noite em geral, as casas normalmente têm grandes putas, mas não é o tom. E eu diria para você não confundir mulheres descoladas, liberadas, com putas. Essas descoladas, liberadas, elas animam bem a noite. Até porque, se for para ficar no regime de colégio interno…
No Carnaval de 2011, você voltará a produzir os principais bailes do Rio e também a tradicional Feijoada do Amaral. Baile de Carnaval sempre passou uma imagem de ser historicamente uma putaria sem tamanho. Era assim mesmo?
Não. Era um momento de liberação, mas sem putaria. Não quer dizer que depois não possam ter surgido bailes de putaria. Mas o Baile da Cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, que eu fiz no Teatro Nacional, era profundamente elegante. Por que falo em liberação, e não em putaria? Nunca vou esquecer uma cena: certa vez entrei no Baile da Cidade e vi, em cima da mesa, uma moça com um biquíni mínimo gritando “Ricaaardo!” Ela agachou, me deu um beijo e tal. Comecei a pensar quem era aquela moça. De repente me lembrei: era a secretária do presidente da Shell, que me tratava de “senhor Ricardo”, e da maneira mais discreta possível. “Senhor Ricardo, o senhor quer tomar um cafezinho, ler uma revista? Um minutinho que o senhor vai ser atendido daqui a pouco.” Meu Deus do céu, o Carnaval fa zia isso! Mas era a liberação, não a sacanagem. Os bailes ganharam um contorno um pouco mais assim quando apareceu uma sacanagem feita para a televisão, quando as pessoas queriam se mostrar diante das câmeras.
Mas, nos anos 1980, o Baile do Vermelho e Preto, por exemplo, não tinha sacanagem?
O Vermelho e Preto deu uma descambadinha. Você poderia chamar até, digamos, de “festa vulgar”. Não os primeiros, criados pelo Márcio Braga quando ele foi presidente do Flamengo pela primeira vez. Esses eram festas muito legais, animadas, divertidas… Depois deu uma descambada.
Mas você já esteve em baile que tinha putaria? Não precisa dizer qual nem quando.
Eu acho a palavra putaria muito forte, mas tinha um baile que descambava um pouco. Eram coisas especiais. Tipo, na boate Sucata, o Carlinhos de Oliveira fazia um baile que antecipava o Carnaval no qual ninguém ia com a própria mulher. O convite era um homem com três mulheres. Era um baile, vamos dizer, com uma azaração mais forte. Mas, putaria, não. Ali tinha de tudo: liberadas, putas, meias putas.
“Meia puta”?
É a candidata a puta, não é puta ainda. Ela está se preparando. As pessoas não acreditam, mas existe “meia puta” e existe “meio viado”. Minha mãe uma vez perguntou: “Mas, e o fulano de tal, é viado?” Eu falei: “Mamãe, ele é meio viado”. É o sujeito que dá, mas dá só de vez em quando. A “meia puta” não tem uma remuneração, mas é mais cara que a puta, tem o sofá do apartamento, a conta do telefone. Tenho uns amigos que classificavam isso como “complemento salarial”.
Você descobriu Xuxa no primeiro concurso das Panteras que organizou, em 1981. Quem era Xuxa naquele momento?
A Xuxa estudava num colégio da Tijuca, e o chofer da Editora Bloch a viu entrando ou saindo do colégio, se dirigiu ao pai dela e disse: “Olha, tem um concurso para a capa de uma revista adolescente, e sua filha é muito bonita. Leva ela lá”. O chofer! Ele levou, ela ganhou e foi capa dessa revista. Foi aí que ela começou. Essa capa chamou muito a atenção do Adolpho Bloch, o dono da editora, que passou a ter mania pela Xuxa. Ela posou diversas vezes para a capa da revista Manchete com 17, 18 anos. Ele cismou na época que, quando a capa da Manchete era a Xuxa ou a Luiza Brunet, a revista vendia 20% a mais.
E como ela virou Pantera?
Quem inventou esse concurso das Panteras foi o produtor Claudinho Segtovich. Ele que selecionava as moças. Um dia, ele entra na minha sala com uma moça muito bonitinha, muito gostosinha, rechonchudinha, e diz: “Ricardo, essa aqui tem que ser a Pantera. Vira aqui. Olha aqui que moça bonita”. No concurso, à noite, eu achava que tinha de ser outra menina, a Máira, ia dar o título para ela. A [jornalista] Hildegard Angel me pegou pelo braço, me levou na mesma loirinha que tinha passado na minha sala à tarde. E, quando a Hilde quer uma coisa, ela é persistente. E assim a Xuxa foi eleita a Pantera. A partir daí, ela fez um ensaio na revista Status, com fotos do Tripoli e texto meu, e logo depois conheceu o Pelé.
Você o apresentou?
Não sei bem, pode até ser que eu tenha apresentado, mas não me lembro. Tive até um registro de memória curioso: ela foi ao meu camarote no Canecão durante o Baile da Cidade. Eu estava recebendo o Franco Zeffirelli nesse Carnaval, e o Pelé também passou por lá. Bom, o namoro começou em seguida. A Xuxa conseguiu um lugar muito importante para trabalhar na famosa agência de manequins Ford. Ela foi para os Estados Unidos e até ficou na casa da Eileen Ford. Segundo o filho da Eileen, a Xuxa poderia ter feito uma carreira brilhante de modelo lá fora. Quem sabe a Xuxa teria sido a Gisele Bündchen dos anos 1980 se tivesse insistido na carreira de manequim lá fora?
Quando tirou a roupa na Status, ela ainda era rechonchudinha?
Rechonchudinha. Mas rechonchudinha no sentido de gostosa…
E as outras Panteras, sempre foi você que escolheu em nome da justiça?
Sim, sempre. Quando o Claudinho deixou de fazer o concurso, entrou um coreógrafo chamado José Reynaldo, ligado aí a negócio de escolas de samba, a artistas. Era um gay divertido pra burro. No começo dos anos 1980, teve um concurso de bundas no Rio. Eram 30 bundas: 29 mulheres e a dele. E a bunda dele ganhou!
Você recebeu muita cantada de homossexuais?
Não, eu não devia fazer muito o estilo deles. Tive na vida grandes amigos homossexuais, uma relação ótima com todos eles, mas, cantada, não. Você já ouviu falar no Dener? Ele foi o maior estilista que o Brasil já teve. Foi quem inventou a profissão no Brasil. Ele era impecavelmente elegante, mas um personagem feminino. Eu diria aquele feminino naturalmente afetado. Sabia que o Dener foi um dos maiores comedores que eu já conheci na vida? Ele fazia um sucesso com mulher que você não imagina, e o que ele comeu de gente nesse país você não tem ideia… Loucura! No entanto, é curioso, quem viu o Dener naquela época achava que ele era o símbolo do viado brasileiro. E foi um grande garanhão.
Falando em grandes garanhões, Pelé foi o maior comedor da história das suas casas?
O Pelé foi um grande pegador. Foi um dos maiores que eu conheci. Não adianta você ser famoso e não ser sedutor. É claro que a fama ajuda, mas ele era sedutor. Se você perguntar qual foi o personagem que mais frequentou minhas casas no mundo, foi o Pelé. Em São Paulo, no Rio, em Nova York, em Paris. E a presença dele sempre iluminava o ambiente. Aquela coisa “O Pelé está presente!”, sabe?
Ele bebia?
Moderadamente. Nunca vi o Pelé de porre. Mas bebia. Não lembro o quê, acho que ele bebia whisky.
E o Porfirio Rubirosa, quando chegava, dava aquela desanimada no pessoal? “Pô, chegou o cara com o maior pau do mundo?”
Não tinha esse clima, não. O Rubirosa era um cara muito elegante, interessante. Ninguém tem a fama de ter sido o maior playboy do mundo só pelo fato de ter o pau grande. Era uma característica que ele tinha, mas ele era um sedutor incrível, um sujeito de uma simpatia extraordinária.
Mas a fama de ter pau grande não chega a atrapalhar, né?
Não, não deve atrapalhar, mas há uns outros aqui no Brasil que também têm essa fama. Mas deixa outras pessoas tratarem desse assunto…
Amigos seus?
São dois grandes amigos meus, um negro e um branco. O negro é ator e político. O branco é um empresário da área das comunicações. Ponto.
Você cita João Goulart como um presidente que frequentava o Sacha’s, um bar famoso no Rio dos anos 1960. Presidente que bebe é mais legal?
O Jango era um grande boêmio, mas eu peguei pouquíssimo a fase dele. Eu o vi no Sacha’s uma vez, mas sei que ele frequentava lá. Não era um bebedor, não. Quem bebia muito era o Jânio, né?
Jânio chegou a frequentar suas casas?
Não. Acho que não tenho um depoimento pra dar desse assunto. Eu sei aquilo que todo mundo mais ou menos sabe. O Hippopotamus tinha a discoteca, o bar e o restaurante. Então havia ali um tipo de frequentador que era do restaurante e não era da discoteca. O doutor Roberto Marinho jantava muito no Hippopotamus e nunca pisou na discoteca. O Ernesto Geisel, por exemplo, foi ao Hipopotamus duas vezes.
Você chegou a conversar com ele?
Aquele cumprimento formal e tal. Por exemplo, quem vinha pro Rio e ia imediatamente ao Hippopotamus era o Antonio Carlos Magalhães. Eu virei amigo dele, uma pessoa extremamente simpática. O Geisel eu não posso dizer que foi frequentador. O Brizola foi. Eu ofereci pro Brizola um jantar quando ele ganhou a eleição para governador, em 1982. Tinha uma reação muito grande contra o Brizola, e eu tinha uma relação com ele de muita simpatia. Nessa noite em que eu ofereci o jantar, tinha um camarada junto com ele. Passaram-se os anos, eu encontro esse camarada. “Ricardo, está
lembrando de mim?” “Claro!” O sujeito era o jornaleiro da esquina do Hippopotamus que o Brizola levou esse dia lá. Segundo ele, eu saía do Hippopotamus de manhã, ia até a banca e falava: “Jornal quentinho? Cadê o jornal quentinho?” Esse cara hoje é simplesmente o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Do que ACM gostava tanto do Hippopotamus?
O ACM era um sedutor. Gostava de ver gente bonita. E, se você chegasse ao Rio e quisesse saber quem eram as mulheres bonitas e as pessoas que estavam na cidade, você ia ao Hippopotamus. Era um ponto de referência. Então, o Antonio Carlos Magalhães provavelmente percebeu que lá era o lugar para ir no Rio.
As mulheres bonitas eram assediadas ou assediavam o ACM?
O Antonio Carlos Magalhães tinha uma coisa elegante dele e tal, mas só o fato de estar num ambiente desses não quer dizer que você vai conquistar. Não era exatamente o caso, não. É melhor eu não falar muito [risos].
E o Lula, você encontrou nesses oito anos de governo?
Não, só estive com ele de esbarrão. Quem eu conheço é o José Dirceu, com quem estive na casa do Paulo Coelho. Ele é um grande charuteiro, sabia? No Réveillon do ano retrasado, o Paulo Coelho levou um grupo de amigos para a casa dele na França, um grupo de brasileiros. Estavam o Fernando Morais e o José Dirceu. Passamos cinco dias lá e conversamos bastante.
Você lidou com músicos nos musicais da TV antes de ser empresário da noite e, mais tarde, no Metropolitan, que era uma casa de shows. Qual foi a exigência mais babaca que você recebeu nesses anos todos?
Olha, exigência babaca tem pra burro, viu? Dá para escrever o “livro das exigências babacas”. Acho que a mais curiosa, vamos dizer assim, foi do Roberto Carlos, que construiu seu próprio camarim dentro do palco no Metropolitan. O camarim que serviu para o David Copperfield, para o Gilberto Gil, para o Santana não servia para o Roberto Carlos. Quando fazia show no Metropolitan, ele montava um camarim dentro de um contêiner no palco. Isso foi a maior extravagância que eu vi. O Roberto não era tão complicadinho como hoje, ele era bem mais legalzinho.
Ele foi um frequentador das suas casas?
Não, mas teve suas aparições. Primeiro com a Nice, no Hippopotamus de São Paulo, depois com a Myrian Rios, no Club A de Nova York. Gostava de beber aquele vinho branco alemão da garrafa azul. Era de jogar conversa fora, uma pessoa agradável.
Ainda entre os músicos, eu gostaria de saber suas impressões sobre algumas pessoas que você conheceu. Bryan Ferry, por exemplo.
A única exigência que ele fez foi ter duas mulheres numa jacuzzi. A gente não sabe o que aconteceu lá dentro. Duas horas depois uma delas sai chorando. Tinha levado um soco no rosto. Não sei o que aconteceu…
Luciano Pavarotti?
Pavarotti era um chato! Você procura atender às exigências de um artista na medida do possível. Mas o Pavarotti estava achando o camarim longe do palco, queria colocar um carrinho de golfe para transportá-lo… Porra, que merda é essa?!? Pode parar com a frescura! Era cheio de frescuras, cheio de imposições, regras. Você quer que o cara se sinta bem, ninguém traz um artista pra forçá-lo a fazer coisas que ele não gosta. Mas o Pavarotti, especialmente, era um chato de galocha.

Grace Jones?
Essa é uma idiota, uma imbecil. Reservamos o hotel Copa D’or para ela. Não era o melhor do Rio de Janeiro, mas também não era o pior. Ela chegou lá e disse: “Aqui não fico de jeito nenhum. Tenho de ficar olhando o mar”. Era Carnaval, nós trouxemos ela para fazer um show num baile gay, e a única coisa que conseguimos foi a suíte imperial do Caesar Park, de frente para a praia. A mulher chegava atrasada, bebia todas, saiu de porrada com o namorado. Quebrou o apartamento.
Quando eu digo quebrou, é quebrou mesmo o apartamento do Caesar Park inteiro. Nos deu um prejuízo enorme.
E o Prince, que fechou o Hippopotamus uma noite?
Babaca, né? Ele pediu para fechar só a discoteca. Então o bar ficou lotado, e as pessoas queriam entrar na discoteca, e o babaca convidou, sei lá, umas 20 pessoas. Queria fazer uma coisa tão exclusiva que ficou sem sentido. E depois, para pagar, foi uma canseira louca. Mas pagou.
E as convidadas eram todas mulheres?
É, mas curiosamente era muito pouca gente, uma gente desinteressante. Uma noite boba.
E Tony Bennett?
A primeira vez que ele veio ao Brasil, quem trouxe foi o [empresário] Paulinho Machado de Carvalho. Eu trabalhava com ele na TV Record, nos anos 1960. Ele fez duas noites no Copacabana Palace. Na mesa principal, do então dono do hotel, doutor Octávio Guinle, havia um grupo de convidados. Tinha mais uma mesa pagante, e só. Mais ninguém. Vazio. No dia seguinte foi um vexame maior. Sabe o que o Tony Bennett fez? Ele sabia que a casa estava vazia. Tirou o paletó e a gravata, arregaçou as mangas, sentou naqueles três degrauzinhos do palco e fez o show sentado para as três mesas. Um show magnífico de quase 2 horas. Nunca vou esquecer essa cena.
Ray Charles você também trouxe?
O Ray Charles deu um trabalho louco porque o pessoal da orquestra queria não lembro se era maconha ou cocaína. Peguei um contrarregra que tinha cara de ser aplicado na matéria e mandei sair à busca [risos]. Eu lembro dele me dizendo: “Porra, com essa quantidade eu posso ser preso!” [Risos.] Deu um trabalho louco porque ninguém queria se meter, mas foi tudo resolvido.
Mick Jagger foi ao Club A?
Uma vez, estou chegando ao Club A, em Nova York, e vejo parar um táxi na porta. Saem ele e a Jerry Hall de dentro.

Jerry Hall era gostosíssima, não?
Maravilhosa! Mulheraça, mulheraça.Quem frequentava bastante minhas casas e que eu conheci bem foi a primeira mulher dele, a Bianca. Ela sumiu, nunca mais ouvi falar dela. O Mick e a Jerry entraram no Club A, pediram uma garrafa de champanhe, dançaram, dançaram, dançaram, juntinhos e separados, e beberam, beberam, beberam. Depois levantaram, pegaram um táxi e foram embora.
É verdade que você quase tomou um calote do Ronaldo?
Não sou amigo do Ronaldo. Conheço ele, que é muito amigo de amigos meus. Mas ele é reconhecidamente pão-duro, um horror para pagar conta. Numa ocasião ele e seus amigos foram a um show no Metropolitan, ele havia ganho um camarote. Era um show desses movimentados, e eles estavam num camarote grande. E, na hora de pagar, foi a maior dificuldade. O garçom teve de ir correndo até o carro dele, não tinha os 10% da nota. E o garçom avisou que não tinha gorjeta, e ele respondeu: “Olha, eu só tenho isso aqui pra dar”. Tirou o elástico e deu as notas pro garçom [risos].
Outra categoria profissional com que você trabalhou muito foram os chefs de cozinha. Teve uma relação tranquila com eles?
Tranquilíssima. Os grandes chefs, aquela geração de franceses que dignificou a profissão, eram todos muito charmosos e um pouco playboys. O Paul Bocuse é considerado um grande pegador. Figuraça. Ele veio muito ao Brasil; eu fui a Lyon e estive com ele em Nova York também, o conheci muito. Quem dirigia o hotel onde ele abriu a franquia aqui, o Méridien, era um grande amigo, o Roger Vergé. Por intermédio do Vergé eu estive algumas vezes com ele. Você quer ver uma coisa curiosa? Fui duas vezes no famoso El Bulli, do Ferran Adrià. Depois do jantar, fui convidado a conhecer a cozinha. Era uma linha de montagem.
Gostou do jantar?
Adorei. Era uma cozinha criativa, interessante. Mas depois o Adrià veio sentar na mesa com a gente, tomar um conhaque, e eu soltei uma frase que foi de uma profunda infelicidade. Juro que não tinha nenhuma intenção de ofendê-lo nem a frase tinha um tom pejorativo, era um sentimento meu, que eu falei sem sacanagem. Eu disse que ele era o Walt Disney da cozinha. A minha intenção era dizer que ele era mágico, criador de fantasias…
E ele reagiu bem?
Reagiu mal. Ele se levantou. Não houve uma retrucada, mas ele elegantemente não gostou.
No livro, você cita uma frase de Fellini que diz que a vida é feita de sexo, circo e espaguete. Em sua vida teve mais o quê?
Eu me identifico com essa frase, gosto desse equilíbrio. Acho que, se fizer um balanço, minha vida teve circo, sexo e spaguete. Mas, no geral, eu me sinto sempre trabalhando num grande circo.



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